terça-feira, 30 de outubro de 2012

AS FACES DA VIOLÊNCIA UM MEDO SOCIAL


AS FACES DA VIOLÊNCIA UM MEDO SOCIAL

Roméria Costa Melo
Profª. Nivana Batista
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Licenciatura em Pedagogia – PED 0030 Módulo VI
                                                                    29/11/2012


RESUMO


Esta pesquisa tem como objetivo, analisar as causas de violência, do ódio, e de quanto isso tem causado sofrimento e prejuízos, e cria um ambiente propício para doenças principalmente mental. Busca-se identificar políticas que possam amenizar esses conflitos e o que fazer para erradicá-la, conforme a abordagem de Odair Furtado, Ana M. Bahia Bock, e Maria de Lourdes Trasse Teixeira A finalidade da Ética é ter uma vida boa, e ter uma boa vida implica uma ética de responsabilidade, para com o mundo, os outros e eu mesmo, uma ética que permita um compromisso radical com o bem estar do ser humano e uma crítica contundente a todas as condições que queiram retirar desse ser humana a dignidade.

Palavras-chave: Violência. Dignidade. Ética.




      INTRODUÇÃO


              O tema violência a cada dia ocupa as páginas de jornal, debates e palestras com diversos especialistas nas áreas do conhecimento, inclusive da psicologia. Todos buscam a compreender por que a violência tem generalizado nas relações humanas em muitos lugares do mundo e o que fazer para erradicá-la ou pelo menos minimizar seus efeitos. Este tema diz respeito a toda sociedade, grandes centros urbanos que estão vivendo num ambiente de insegurança, cuja característica é um medo social.
               Não deixando de mencionar a violência ela é uma produção humana, não se resume somente ao crime apesar de que esse tipo de violência é a mais descarada, mas o homem em si produz muita violência, quando não respeita o espaço do outro, quando não é moderado ou flexível com o grupo ao qual pertence criando assim um campo fértil para violência. Precisamos compreender que a agressividade é um impulso que pode se voltar para fora do indivíduo ou para dentro ele, ela se constitui a vida psíquica, fazendo parte do binômio amor/ódio, pulsão de vida/pulsão de morte. Para Odair Furtado, Ana M. Bahia Bock, e Maria de Lourdes Trasse Teixeira, a agressividade está relacionada com as atividades do pensamento e da imaginação ou ação verbal e não verbal. Portanto alguém muito bonzinho pode ter fantasias altamente destrutivas ou sua agressividade pode manifestar-se pela ironia, pela omissão de ajuda, ou seja, a agressividade não se manifesta exclusivamente por humilhação, constrangimento ou destruição do outro, isto é, pela ação verbal ou física sobre o mundo.
                          



2         A AGRESSIVIDADE UMA FACE DA VIOLÊNCIA


                        Como foi falada anteriormente a agressividade está relacionada com atividades do pensamento, da ação verbal ou não verbal. A agressividade é muito importante para autoconservação, sendo um comportamento emocional natural da espécie humana e (inclusive dos animais), pois quando nos posicionamos a qualquer ação fazemos uso dela e são manifestadas na mais tenra idade, as crianças fazem uso dela para chamar a atenção para si, quando estão diante de uma situação que as fazem inseguras. A ação está sempre ligada à agressividade e a reação à violência.
                        A agressividade é extremamente importante para se conquistar o espaço pessoal frente à determinação do social ou do outro. A violência entre os relacionamentos dos pares, a agressividade descontroladas fora das situações que emitem perigo, geralmente estão presentes dentro e fora das famílias. Isto ocorre por se tratar de sentimentos frustrados, de carência, dificuldade de amar, todas essas situações promovem comportamentos destrutivos. A educação é o mecanismo social da Lei e da tradição que busca subordinação e o controle dessa agressividade, assim desde muito tenro o homem aprende a reprimi-la e não expressá-la de modo descontrolado, à medida que o mundo da cultura cria condições para que o individuo possa conter, canalizar, levar esses impulsos para produções positivas: Produção Intelectual, Produção Artística, desempenho esportivos, etc.
                          A Psicanálise afirma que a agressividade é constitutiva do ser humano, e que a cultura e a vida social trabalham como reguladora dos impulsos destrutivos. Essa ação reguladora se dá nos processos de socialização, através de vínculos significativos que um individuo estabelece com o outro e assim possa internalizar esses controles. Não se fazendo necessários controles externos, uma vez que os controles estão dentro do indivíduo. Esses controles internos que a psicanálise através do Freud explica é que a ansiedade que está no interior do homem tem como função alertar o ego ou o eu, para situações de perigo, controlando ou inibindo os desejos ou reações que vão ao encontro dessas situações. Assim uma função necessária e muito importante para o desenvolvimento psíquico. Porém o que tem se questionado muito nestes dias é que os excessos de situações que tem provocado ansiedade, causando assim um descontrole e gerando a  violência.
                          A sociedade possui também mecanismo de controle ou punição dos comportamentos agressivos como leis. Esse modo de compreender a agressividade, nos leva a refletir que ela também pode agir de forma positiva na construção do individuo, pois é responsável, por exemplo, pela capacidade de enfrentar situações novas desconhecidas que está relacionada com a ousadia e a capacidade de autodefesa, portanto a destrutividade é um de seus aspectos.



3        ASPECTOS LIGADOS A PRODUÇÃO DA VIOLÊNCIA


                           A violência é o uso desejado da agressividade com fins destrutivos. Há sempre uma intencionalidade no agente da violência, ou seja, a violência é muitas vezes planejada e implica sempre numa relação de poder (o adulto tem poder sobre uma criança) QUE ESTÁ SUBMETIDO, SUBJUGADO. Existe sempre um prejuízo físico, psíquico, social, para a vitima que sofre a violência. E para o agente da violência sua ação revela também um prejuízo, um sintoma grave no tecido social e no individuo. Para Jurandir F Costa (São Paulo. Graal, 2003) afirma que.

 [....] que podemos entender como violência aquela situação em que o individuo “ foi submetido a uma coesão e um desprezar absolutamente desnecessários ao crescimento, desenvolvimento e manutenção de seu bem estar físico , psíquico e social.

  
                                 Os fatores que determinam a violência são múltiplos. Ela é um sintoma social, sua criação está nos fatores históricos, econômicos, sociais, culturais, psicológicos e outros. Quando se trata de violência a desigualdade social é um fator  que tem sido discutido muito nos últimos dias, pois existe entre países, povos e entre alguns setores e uma mesma população, segundo o historiador Inglês Eric Hobs Bawn (São Paulo 2005). Afirma que o aspecto mais cruel da desigualdade social é aquele que existe entre os cidadãos de um mesmo país, porque os setores tem seu destino traçado pela sua origem social e não podem consumir bens materiais que outros setores da mesma população consomem. Ou seja, dependendo do bairro da cidade onde uma criaça mora é possível saber a qualidade de sua alimentação, se irá estudar numa escola pública ou particular ou até mesmo se terá chance de uma faculdade. Por isso nos lugares mais pobres que é um terreno fértil para a desigualdade social a violência é mais intensa não significando que nas áreas mais nobre não exista, mas em grau menor.
                         A produção da violência está ligada na ausência de estímulos nas vidas das pessoas, que promova os valores da solidariedade, tolerância com os outros: O tráfico Internacional de drogas, armas, de seres humanos que se ramificam pelo mundo, afetando a vida de multidões pessoas e suas famílias. A inserção dos adolescentes na disseminação do uso das drogas tem causado muitos casos de violência, como estupro, assalto, assassinato, que são cometidos em série e a violência cada vez aumenta seus índices nas escolas. Entretanto é muito difícil observar as faces da violência nas expressões como guerra, corrupção, destruição do meio ambiente, corrupção, fome. Essas práticas de violência estão diluídas no nosso cotidiano e já nos acostumamos a muitas delas, quem não viveu situações como humilhação, omissão de ajuda e atos de violências mesmo nos lugares considerados mais protetores de seus membros como a escola, a família, grupos de amigos, além disso, conhecemos práticas de violência nas instituições que existem para erradicá-la, como a polícia, as prisões. Não deixando de elencar que existe forma  sutis de violência que chega ser até difícil de reconhecer como ausência de vagas nas escolas, atendimentos precários na saúde, condições de habitação sub-humana, e Hanna Arente, afirma que.” A  indiferença com o sofrimento do outro é a pior forma de violência, porque retira do outro seu estatuto de humanidade, ela invadiu todas as áreas de relação do Individuo”. Para Hélio Pellegrino, 1984.
Um aspecto bastante citado como determinante de várias expressões da violência, refere-se a deteriorização de valores éticos agregadores da vida coletiva como a dignidade, a justiça, a solidariedade. Esses valores presentes nas relações humanas são considerados um cimento social.
                       O seu endurecimento produz outro ambiente de sociabilidade no qual novas gerações são formadas e altera as qualidades dos vínculos sociais, do valor da vida do outro. Causando um grande mal que vai acompanhando a humanidade e a cada dia intensifica todo tecido social, é necessária uma estratégia que trabalhe nas organizações sociais, como escola, sociedade, família. O que deve começar desde muito cedo nas crianças, nas pessoas como adultos, consolidando formadores de geração incentivando os valores da solidariedade, da Tolerância co o outro, da empatia enfim de habilidades que venham digerir com a violência que muitas vezes está inserida no nosso interior. Por isso que Robert Castel, 2005, afirma;.
“A violência doméstica está presente em todas as classes sociais as vezes escamoteado pelo segredo familiar. È importante detectar e tratar tanto o agressor como a vitima, porque a maioria dos agressores foi vitima de violência na infância ou na adolescência.”

Um fotografo Francês, que se identifica somente como Jr, mudou a paisagem no morro da providência no centro do Rio de janeiro, estampando os rostos de moradoras vitimados pela violência em painéis gigantes nas fachadas das casas.



 









4         CONSIDERAÇÕES FINAIS



                Mediante as pesquisas realizadas vimos como os processos de aquisição dos valores éticos são falhos e esquecidos na sua aplicação, pois sempre costumamos ouvir da mídia no geral que ocorrem nas instituições escolares casos de violência e que deixam a sociedade estarrecida.
                          A violência em toda  sua estrutura, assusta, aterroriza e deixa marcas que não são tão fácies de extinção. Às vezes a escola não convive com atitudes que são extremas de violência, mas suas ramificações são terríveis como: a agressividade, o Bullyng. É necessário vislumbrarmos alguma saída porque vivemos nesta comunidade planetária, neste bairro do universo e queremos uma vida boa, e para ter uma vida boa implica em considerar o mundo da natureza, dos objetos, dos outros homens e o meu próprio corpo o meu mundo interno. Ter uma ética de responsabilidade para com o mundo para com os outros e para comigo mesmo, desenvolver a solidariedade com o próximo e com outro anônimo, tolerar a diferença e os diferentes e ser um promovedor da dignidade e bem estar do ser humano.      
                Diante de tudo o que foi exposto é necessário estudar, dialogar, analisar, o que pode está sendo executado e estabelecer metas para conter, enfrentar, prevenir e até reverter este quadro. Se a escola e todo corpo docente elaborar ideias nunca esquecendo que o individuo precisa somente de boas relações de convivência. Então será criado um ambiente com um clima saudável e preparado para a aprendizagem e o desenvolvimento de potencialidades na vida de cada um.






















5        REFERÊNCIAS



AQUINO, Julio Gropp. Indisciplina. São Paulo. Ed. Moderna, 2003.

BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologia Social. São Paulo. Ed. Saraiva. 2002.

COSTA, Jurandir Freire. Violência e Psicanálise. Rio de Janeiro; Ed. Graal, 2003.


CASTEL, Robert. A Insegurança Social. Ed.Petrópolis Vozes, 2005


GARCIA, Joe. Indisciplina na Escola. Curitiba nº95. 1999.


HOBSBAWN, Eric. A era da Incerteza. São Paulo. Ed.Capanhia das Letras, 1995.


LEVISKY, David Léo (Org.). Adolescência pelos caminhos da violência – a psicanálise na prática social. São Pulo.Casa do Psicólogo,1998


LANE, Silvia. T.M. Codo, Wanderley. Psicologia. São Paulo. Ed. Brasiliense, 2004.

MOREIRA, Roméria Costa Melo. Estágio disciplina II. Séries Iniciais do Ensino Fundamental. 2012.

PRETTE, Almir Del; PRETTE, Zilda. Habilidades Socias Desenvolvimento e aprendizagem. Campinas-SP. Ed. Alínea, 2003.